Apostila Missões Urbanas - Parte 1

18-11-2010 18:27

Estratégias Para o Crescimento da Igreja

 

 

Apresentação

A idéia da confecção deste trabalho se deu a partir do honroso convite recebido do Conselho da Igreja Presbiteriana de Marechal Hermes para ministrar em classe única de Escola Dominical sobre o tema “Missões Urbanas”, bem como para pregar em culto vespertino sobre o mesmo assunto.

Imediatamente coloquei-me em oração diante de Deus pedindo a necessária inspiração para tão grande e nobre desafio e dei início as pesquisas necessárias, na Palavra de Deus, e no material disponível em minha própria biblioteca.

Considerando tratar-se de tema avulso, julguei oportuno escrever algo sobre o assunto e gerar material impresso para distribuição à igreja, para posterior exame e melhor assimilação.

O meu desejo é que a mesma visão e entusiasmo que inundaram de gozo o meu coração nestes dias, venham igualmente sobre a vida do leitor em forma de paixão pelas almas perdidas, e que as igrejas sejam despertadas para a prática de “missões urbanas”, com planejamento, organização e estratégias.

 

 SIGNIFICADO DE MISSÕES

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” - Atos 1:8

 

Este texto de Atos 1:8 trata de missões urbanas ( Jerusalém ), missões nacionais (Judéia e Samaria) e missões estrangeiras ou transculturais ( até aos confins da terra ). O vocábulo “missões” não é bíblico, vem do latim “missio” = enviando. Houve tempo em que “missões” era entendida como tudo o que tinha a ver com o trabalho da igreja realizado em outros países. Isto foi mudando, e hoje, entendemos MISSÕES ( no plural ) como a tarefa da Igreja; e MISSÃO ( no singular ) como o nome das agências missionárias e atividades que tem a ver com a implementação desta tarefa. A melhor tradução para o texto da Grande Comissão de Mateus 28:19-20 é: “ Indo, fazei discípulos...”. Missões urbanas é, portanto, a ação de evangelização da igreja na sua própria cidade, no templo e de casa-em-casa, como vemos em Atos 5:42 “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo.” , e pelas ruas da cidade “Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra” - Atos 8:4. Missões urbanas é a Igreja “enviando” seus membros, é a Igreja “indo” em cumprimento à grande comissão.

 

A GRANDE COMISSÃO

 

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” - Atos 1:8

 

Este texto é uma variação ou extensão da Grande Comissão ( Mateus 28:19-20).

O Espírito Santo seria dado à Igreja para revestir os crentes de poder a fim de capacitá-los para o testemunho “tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”.

 

A análise dos mapas geográficos da época ( mapas 1 e 2 - fls. seguintes ) nos leva a concluir que o Senhor estava ordenando a Igreja que testemunhasse d´Ele em sua própria cidade (Jerusalém), por todo o país ( Palestina - Judéia e Samaria ) e por todas as nações ao redor do mundo ( mundo mediterrâneo - África, Ásia e Europa ).

 

A Igreja Apostólica representava toda as Igrejas que viriam a ser plantadas. Desta forma, a ordem dada pelo Senhor Jesus em Mateus 28:19-20 combinada com a afirmativa de Atos 1:8 é também para nós. Cada Igreja tem a missão de evangelizar as pessoas ao seu redor, localizadas na sua própria cidade, bem como o desafio de plantar novas igrejas no seu próprio país e nas demais nações ao redor do mundo.

 

A atividade missionária da Igreja deve principiar sempre pelas ruas da sua própria cidade. E isto é evangelização urbana, ou urbangelização.

 

A palavra de Cristo à Igreja não é uma opção e nem deve ser objeto de discussão. É uma ordem! O servo deve obedecer a ordem do seu Senhor.

 

Missões Urbanas Na Igreja Apostólica

 

A Igreja Apostólica foi obediente à ordem dada pelo Senhor Jesus. Iniciou os seus trabalhos justamente fazendo “missões urbanas”, ou seja, evangelizando a cidade de Jerusalém. Houve grande e estrondoso crescimento. Os relatos estão especialmente nos capítulos 01 a 07 do Livro de Atos dos Apóstolos. Veja, por exemplo, os seguintes textos: -

“Então, voltaram para Jerusalém...”; “Quando alí entraram, subiram para o cenáculo...”; “Todos estes perseveravam unânimes em oração...” - Atos 1:1-3 partes.

“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar...”; “afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade...”; “Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos: Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém...”; “Com muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas.” - Atos 2:1, 6,14, 40,41.

Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.” - Atos 2:46-47.

“Muitos, porém, dos que ouviram a palavra a aceitaram, subindo o número de homens a quase cinco mil.” - Atos 4:4

“Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.” - Atos 4:31.

“E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo.” , e pelas ruas da cidade “Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra - Atos 5:42 e 8:4.

 

Missões Urbanas

Plano de Deus Para a Igreja do Século XXI

 

A Igreja Apostólica era a célula mater. Ela representava toda as Igrejas que viriam a ser plantadas. Desta forma, o comissionamento feito pelo Senhor Jesus em Mateus 28:19-20 e Atos 1:8 é também para nós.

 

A igreja recebeu um mandato divino e deve cumprí-lo para não ser achada em falta. Evangelizar não é uma alternativa ou opção para a igreja. É uma ordem dada pelo Senhor da Igreja. O cristão é servo de Cristo. Ao servo não cabe outra alternativa senão a de obedecer a ordem do seu Senhor. Nós somos responsáveis pelas almas perdidas ao nosso redor, até que lhes falemos do amor de Cristo. Um dia todos seremos chamados para prestar contas do que fizemos e do que deixamos de fazer. Que justificativa iremos apresentar por não termos falado de Cristo? A responsabilidade é coletiva, mas também é individual.

 

Conforme vimos anteriormente, há três áreas ou níveis para o desenvolvimento da ação missionária da igreja. “Missões Urbanas”, “Missões Nacionais” e “Missões Estrangeiras (ou transculturais)”. Há muitas igrejas envolvidas com missões transculturais e/ou nacionais, que possuem Departamento de Missões super-estruturado e funcionando maravilhosamente bem, porém com atuação zero na área de missões urbanas. Não fazem evangelismo externo ao redor da igreja, e tampouco dispõem de estratégias ou programa de missões urbanas. Vivem isoladas da comunidade ao redor e enclausuradas. O índice de crescimento destas igrejas normalmente é insignificante, em muitos casos negativo.

 

“Missões urbanas” é prioridade número um para a igreja, segundo a ordem do Senhor ( “e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém...” ). É o grande desafio para a igreja neste final de século XX e início do século XXI.

 

Missões Urbanas

A Ferramenta Para a Grande Colheita

“... a um povo que não se chamava do meu nome eu disse: eis-me aqui, eis-me aqui. Estendí as minhas mãos todo dia a um povo rebelde, que anda por caminho que não é bom, seguindo os seus próprios pensamentos” - Isaías 65:1-2.

 

Ouví em um noticiário de TV a informação de que a população do mundo já atingiu a cifra de 7 bilhões. Do Livro “Manual de Crescimento da Igreja”, do Dr. Juan Carlos Miranda, extraio os seguintes dados: - Calcula-se que 75% vivam em países em desenvolvimento, contra 25% em países já desenvolvidos (nações chamadas do primeiro mundo). Acredita-se que nas nações em desenvolvimento 45% da população estará vivendo em áreas urbanas, ao passo que nos países desenvolvidos o percentual sobe para 80%.

 

O super-crescimento populacional nos grandes centros urbanos resulta em uma série de problemas, como por exemplo desemprego, e, consequentemente, aumento da violência, criminalidade, etc. O governo, os organismos e organizações sociais terão um papel muito importante a desempenhar neste e no próximo séculos. Mega-cidades, entretanto, são terreno fértil para a pregação do Evangelho. E, neste novo milênio, a atuação mais importante há que ser a da Igreja. O Evangelho produz salvação, cura e libertação. Só o poder de Deus pode mudar o indivíduo e fazer dele nova criatura, de tal sorte que o que matava, não mata mais, o que roubava não rouba mais, etc.

 

É chegada a hora! Há muito trabalho, o qual não pode esperar. A Igreja precisa trabalhar e já! Porque já estamos vivendo a época das mega-cidades. Hoje já se fala em Grande Rio, Grande São Paulo, etc. Como diz o pastor Ezequiel Teixeira, do Projeto Vida Nova de Irajá, a cidade está de cabeça para baixo, precisamos virá-la de cabeça para cima, com o poder do Evangelho de Cristo Jesus.

 

 

INTERCESSÃO
A Primeira Iniciativa da Igreja

 

“Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei.” - Ezequiel 22:30

“Antes de tudo, pois exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens...” - I Tm 2:1

 

Há três ministérios para os quais fomos chamados: Adoração, Intercessão e Testemunho. A maioria de nós tem praticado o primeiro, graças a Deus, algumas igrejas adoram e testemunham. Há falta, contudo, de genuína intercessão.

 

Interceder significa literalmente “interpor-se”, “colocar-se entre”. É se colocar entre Satanás e a sua força de destruição e aquele a quem ele quer destruir, e livrar o oprimido. É colocar-se entre Deus e alguém que carece do favor divino, e clamar por libertação. É se por na brecha do muro em prol daqueles pelos quais Cristo derramou o seu preciosíssimo sangue, e clamar para que a graça de Deus os alcance...

 

Interceder é gastar horas a sós na presença de Deus em fervente oração, em prol de alguém ou de alguma causa. Intercessão é o parto de alma espiritual que traz à luz filhos espirituais.

 

Há na Bíblia registros de intercessões maravilhosas, como por exemplo a de Abrão quando o Senhor estava para destruir as cidades de Sodoma e Gomorra ( Gênesis 18: 22-33 ); Moisés clamou e Deus mudou os seus desígnios para com o povo, retirando o mal que dissera havia de fazer ( Êxodo 32:11-14 ); no dia seguinte, novamente Moisés intercedeu com profundidade de alma: “Agora, pois perdoa-lhes o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste.” ( Êxodo 32: 30-25 ). O salmo 106:23 testifica sobre o resultado destas intercessões de Moisés dizendo: “Tê-los-ia exterminado, como dissera, se Moisés, seu escolhido, não se houvesse interposto, impedindo que sua cólera os destruísse.”

 

O maior exemplo contudo é o do Senhor Jesus que “pelos transgressores intercedeu” (Is 53:12 - Mc 15:28 - Lc 22:37). Intercedeu por Pedro ( Lc 22:31,32). Pelos seus escolhidos, na oração sacerdotal ( João 17 ). Jesus gastou apenas três anos e meio no exercício do seu ministério público entre os homens, e já há quase dois mil anos “está à direita de Deus” a interceder por nós ( Rm 8:34 ) e “pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” ( Hb 7:25).

Antes do Pentecostes, houve incessante oração no Cenáculo. A oração no Monte precedeu aos Dez Mandamentos. A intercessão de Estevão resultou na conversão de Saulo de Tarso, que veio a ser o grande Apóstolo Paulo (Atos 6:57-60).

 

A intercessão precede a salvação. É Getsêmani antes do Calvário! Antes da sua morte na cruz, o Senhor Jesus agonizou em intercessão por nós no jardim do Getsêmani, e fomos salvos. Em Isaías 59:16 já estava previsto que o Senhor não acharia quem o ajudasse a interceder, assim, Jesus lutou sozinho em parto de alma para gerar filhos espirituais. É o que está escrito em Isaías 66:8 “pois Sião, antes que lhe viessem as dores, deu à luz seus filhos”.

 

Ana agonizou em oração pedindo um filho, e, mesmo sendo ela uma mulher estéril, o milagre ocorreu, e o filho lhe foi dado por Deus ( I Sm 1:9-18 ). David Brainerd, jovem missionário enviado para pregar no terrível oeste americano, para os sanguinários índios peles-vermelha, morreu com apenas trinta e três anos de idade, tuberculoso, dentro de uma cisterna onde procurava se esconder da friagem, clamando: “Dá-me almas, senão eu morro”. Após a sua morte ocorreu um fenômeno: - milhares de índios se converterampor toda parte!

Suzana Wesley, mesmo sendo mãe de dezenove filhos, orava cerca de uma hora por dia. Dois dos seus filhos juntos ganharam milhares de almas para Cristo. São eles João Wesley, o Pregador, e Carlos Wesley, o Poeta e Compositor, autor de mais de 1500 hinos!

 

João Oxtoby, orava com tal fervor que passou a ser conhecido como “Joãozinho da oração”. O concílio da Igreja Metodista estava para tomar a decisão de fechar o campo missionário de Filey, uma vez que vários pregadores já haviam sido enviados e não estavam alcançando resultados. Joãozinho comovido pediu mais uma chance para aquele povo. O concílio decidiu atender. Como não havia nenhum obreiro disposto a ir, Joãozinho se apresentou e foi! Nas primeiras pregações nada ocorreu... Joãozinho então se embrenhou na mata e, em agonia de alma, orava, mais ou menos assim: “Não podes fazer de mim um palhaço! Eu disse aos crentes lá em Bridlington que tu vivificarias a tua obra, e agora é preciso que assim o faças. De outro modo nunca mais terei coragem de lhes mostrar o rosto... então o que dirá o povo sobre a oração e a fé...” Depois clamou: “Filey está conquistada! Filey está conquistada! E saiu cantando e clamando pelas ruas: “Voltai-vos para o Senhor e buscai a salvação”. Milhares se converteram. - transcrito do Livro: Paixão Pelas Almas, de Oswald J. Smith.

 

John Hyde, conhecido como “O Homem que Orava”, foi missionário na India. Inicialmente nas suas intercessões pedia a Deus que lhe desse a conversão de uma alma por dia. Deus ouviu e atendeu a sua oração. Passou, então, a solicitar duas almas por dia. Deus lhas deu. Aumentou o número para quatro! Milhares se converteram na Índia. Na sua biografia “O Homem Que Orava”, é registrado que John Hyde orava com tamanha intensidade de alma, que uma certa feita, um seu companheiro de oração não suportou permanecer ao seu lado, porque um calor muito forte encheu todo o aposento...

 

No texto de Ezequiel 22:30 o Senhor diz que não achou intercessores, que se pusessem na brecha do muro e clamassem pelo povo. Esta falta ainda continua sendo sentida em muitas igrejas. Quando há intercessões, almas se convertem.

 

Há registros históricos de que “diversos membros da congregação de Jônatas Edwards haviam passado a noite inteira em oração, antes dele haver pregado o seu memorável sermão: “Os pecadores nas Mãos de Um Deus Irado”. O Espírito Santo se derramou em catadupas tão poderosas, e Deus se manifestou de tal maneira, em santidade e majestade, durante a pregação daquele sermão, que os anciãos lançaram os braços em redor das colunas do templo clamando: ´Senhor, salva-nos, que estamos caindo no inferno!´” - transcrito do Livro: Paixão Pelas Almas, de Oswald J. Smith.

 

Se não tem havido conversões na igreja, e, consequentemente, crescimento, é certo que o povo desta igreja não sente paixão pelas almas perdidas, e, provavelmente, não há intercessão fervorosa pela conversão de pecadores.

 

O base para o crescimento da igreja está na oração de intercessão. Aprovouve a Deus estabelecer assim. Se queremos contemplar conversões precisamos semear na comunidade profundo amor pelas almas perdidas, e insistir neste mister até que, voluntariamente, comecemos a ver nas reuniões de oração da igreja lágrimas sendo vertidas por amor às almas perdidas.

 

Não há fórmula, método, ou estratégia eficaz para a conversão de pecadores, se não houver intercessão.

 

A igreja precisa entrar em parto de alma para gerar filhos espirituais.

 

J E J U M

Arma Poderosa a Ser Utilizada

 

“Promulgai um santo jejum, convocai uma assembléia solene, congregai os anciãos, todos os moradores desta terra, para a Casa do Senhor, vosso Deus, e clamai ao Senhor.” - Joel 1:14

“Mas esta casta não se expele senão por meio de oração e jejum” - Mt 17 : 21

 

Jejuar é uma das mais claras recomendações bíblicas. No Velho Testamento temos inúmeras narrativas quanto à pratica do jejum associado à oração. Algumas vezes como demonstração de arrependimento; outras, objetivando a graça divina, para fins de livramento, vitória, etc. O jejum de Daniel e os seus companheiros não decorreu de problemas, foi com o propósito de fidelidade e consagração a Deus. “Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia;” Dn 1:8 .

 

Há pessoas hoje que são contra o jejum, entendendo tratar-se de uma prática do Velho Testamento, não aplicável a este tempo presente da graça. Vejamos, então, no Novo Testamento qual foi o parecer do Senhor Jesus acerca do jejum: - Em Mateus 17:14-21 há o registro de que um pai veio a Jesus solicitar que seu filho fosse liberto de um demônio que o atormentava, e declarou que o levara aos discípulos e estes não puderam expulsá-lo. Os próprios discípulos do Senhor perguntaram em particular ao Mestre: “Por que motivo não pudemos nós expulsá-lo? Por causa da pequenez da vossa fé... Mas esta casta não se expele senão por meio de oração e jejum”. O texto é suficientemente claro, o Senhor está recomendando a oração e o jejum.

 

Em Mateus 9:14-15 lemos: “Vieram, depois os discípulos de João e lhe perguntaram: Por que jejuamos nós, e os fariseus [muitas vezes], e teus discípulos não jejuam? Respondeu-lhes Jesus: Podem, acaso estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar.”

 

O trabalho de evangelização coloca a Igreja em confronto direto contra as hostes do mal. Vidas amarradas, oprimidas e escravizadas pelo diabo serão alcançadas com a pregação do evangelho e o testemunho dos irmãos. Só com muita oração e jejum é que a Igreja terá o discernimento das astutas ciladas preparadas pelo inimigo, e poder para desfazê-las e livrar os cativos.

 

Há tipos e formas de jejum diferenciados. Jejum parcial e jejum total. Coletivo ou individual. Cada igreja deve escolher a forma que julgar mais adequada. Sugerimos, todavia, que, em sendo a motivação ou causa para o jejum a prática de “missões urbanas”, a igreja poderia ser convocada para manhãs de jejum e orações no templo em prol da conversão de almas, e para louvor e adoração ao Senhor. Nestas reuniões abordar-se-iam temas relacio-nados a “missões urbanas”, e os irmãos contariam experiências vividas no trabalho de “missões urbanas”. A reunião poderia se encerrar com um almoço ou lanche de confraternização, ocasião em que o jejum seria entregue e o nome do Senhor louvado. Esta reunião contribuiria em muito na mobilização da igreja para as diversas frentes de “missões urbanas”. Preferencialmente estas reuniões seriam lideradas pelo Ministério de Intercessão da igreja.

 

Como Envolver Toda a Igreja em Missões Urbanas

 

“...de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.” - Efésios 4:16

Se a igreja não foi doutrinada e nem treinada para o trabalho de “missões urbanas”, as pregações, dias especiais de missões, ofertório especial para missões, testemunhos, etc. não surtirão os efeitos esperados, que é conseguir colocar a igreja na rua para a pregação do evangelho. Na hora a igreja poderá até se quebrantar e aparentar disposição para o trabalho, mas, com o passar do tempo o ânimo se esfriará e tudo voltará as mesmas. Por quê?

 

Primeiro, não se deve esperar que todos na igreja exerçam as mesmas funções. “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para edificação do corpo de Cristo...” Efésios 4:11-12. Com muita oração e discernimento é preciso que a liderança procure identificar qual o ministério ou dom especial que o Espírito Santo está dando a cada um e procurar alocar os membros da igreja em atividades inerentes às suas vocações.

 

Segundo, uma vez alocados vocacionalmente, é preciso dar treinamento aos membros por área de ação. Os que demonstram vocação para a pregação receberiam a ministração de um Curso Prático Para Pregadores Leigos. Os que têem aptidão para o ensino seriam enviados para cursos especiais de Treinamento para Professores e Líderes de Escola Dominical. Um outro grupo seria treinado para Trabalho Especial de Panfletagem. Os músicos orientados sobre Atividades Musicais em Trabalhos de Evangelização. Os Conselheiros receberiam treinamento para Práticas de Aconselhamento no Trato Com o Novo Convertido. Os vocacionados para Intercessão, sobre “Oração de Intercessão”, “Paixão Pelas Almas Perdidas”, etc. A equipe mobilizada para utilização do Correio, treinamento sobre “Como Utilizar Bem o Cadastro de Novos Decididos”. Aos do Tele-Marketing técnicas sobre “O Que Falar Pelo Telefone”. O pessoal da área de Grupos Familiares, sobre “Como Deve Funcionar os Grupos Familiares. Na área de discipulado, “Como Fazer Discípulos”. Os Diáconos e pessoal da Ação Social, cursos sobre “Estratégias para Ação Social”, etc.

Em terceiro lugar, uma vez treinados é preciso lançá-los ao trabalho. “Como pregarão, se não forem enviados?” Rm 10:15. Só que, desta forma, a igreja trabalhará organizada, com pessoal qualificado e treinado por áreas específicas de atividades, e com estratégias. Não haverá mais necessidade de exortações públicas à igreja, ou cobranças pela omissão. Periódicamente o pastor se reunirá com o líder de cada área para avaliar o trabalho, corrigir rumos, estabelecer novas estratégias, etc. As cobranças serão feitas à parte ao líder ou grupo de uma área específica, sempre em forma de desafios. Para a igreja, ao invés de exortações, serão apresentados resultados. Por este mecanismo a igreja funcionará como corpo, unida e coesa. Os irmãos se alegrarão e exultarão com os resultados. Em pouco tempo a igreja fará o que não fez em anos! “a união faz a força”!

 

Dar-se-á aos irmãos liberdade para trocarem de ministérios, se, no decorrer dos trabalhos se perceberem vocacionados para uma outra área. Ninguém vai criticar o irmão, ele será bem-vindo no novo ministério. Todos saberão que “...um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente.” ( I Cor 12:11 ).

 

A Organização da Igreja em Ministérios

“...Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.” - I Cor 12:4-6

Algumas igrejas têem as chamadas Sociedades Internas ou Domésticas, tais como: União de Jovens, de Adolescentes, de Crianças, de Homens, de Senhoras, Junta Diaconal ou de Ecônomos, Escola Dominical, Grupos Corais, Ministério de Louvor, etc. Outras não tem esta mesma estrutura, funcionando apenas com os serviços de culto. Seja como for, a qualificação dos membros por áreas de vocação, que chamaríamos de “ministérios” é perfeitamente aplicável e ajustável ao organograma da igreja, sem prejuízo para as entidades já em funcionamento.

 

Para um bom desempenho em “missões urbanas”, recomendaríamos, dentre outros, os seguintes ministérios:-

- de Diaconia e Ação Social

- de Louvor

- de Evangelização

- de Aconselhamento

- de Visitação e Assistência aos Novos Convertidos

- de Comunicação

- de Grupos Familiares ou Celulares

- de Discipulado (individual)

- de Intercessão

- de Tele-Marketing

- de Integração de Sós (Solteiros, Viúvos, Desquitados)

- de Plantação de Igrejas

- etc.

 

A alocação dos membros por áreas de vocação poderá ser feita utilizando-se vários critérios. Pode-se usar uma ficha onde o membro da igreja assinalará com os números “1”, “2” e “3”, os ministérios em que gostaria de trabalhar, estabelecendo, assim, a sua ordem de prioridades. O ideal é que cada membro tenha um ministério específico. Será inevitável porém que alguns participem simultâneamente de mais de um ministério. Deve haver flexibilidade para que os membros tenham liberdade de escolha e trabalhem motivados, sem constrangimentos.

 

Cada ministério deverá ter líder e vice-lider, nomeados ou eleitos na primeira reunião do grupo. O pastor deverá se reunir periódicamente com os líderes e com os grupos, para avaliação de resultados, correção de rumos e estabelecimento de estratégias. Os líderes de ministérios também deverão agendar reuniões periódicas com os seus liderados para mantê-los motivados, passar novas informações, orientar e distribuir tarefas.

 

Este modelo de organização interna da igreja permitirá que o novo convertido se integre melhor à vida comunitária e encontre logo a sua área específica de trabalho. O trabalho é a melhor proteína espiritual para o crescimento do neófito. É a melhor terapia para aqueles que querem se libertar dos vícios e da escravidão do pecado. Há um ditado popular muito conhecido de todos nós que diz: “mente ociosa é oficina de Satanás”.

 

A Necessidade de Diversidade de Estratégias

“Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns.” - I Coríntios 9:22

 

O mundo é dinâmico, e não estático. Tudo muda a cada dia, e as pessoas são obrigadas a se enquadrar às mudanças para sobreviverem. E o que vemos na igreja? Entra ano, sai ano, e se repetem os métodos evangelísticos das gerações passadas. O que fazem as igrejas locais, a nível de evangelização urbana? Eventuais cultos ao ar-livre, com meia-dúzia de irmãos; distribuição de alguns folhetos, por parte de uns poucos; alguns cultos nos lares; e as tradicionais série-de-conferências, que já estão caindo em desuso.

É muito pouco, ou quase nada em se tratando de evangelização urbana. A repetição de métodos e fórmulas desgastadas do passado, muitas vezes sem oração e preparo suficientes, não produz grandes resultados, e não motiva a membresia da igreja.

 

Nestes tempos modernos, de mega-cidades, em que as famílias vivem a maior parte do tempo encasteladas em suas fortalezas, e os transeuntes estão super-apressados; ninguém pára para dar atenção a ninguém, com medo de assalto. Como atingir a população ao redor da igreja? Como conseguir entrar nas casas para o testemunho e ministração aos perdidos?

 

Precisamos da mesma ousadia, entusiasmo e sabedoria do Apóstolo Paulo. Ser criativos hoje, como o Apóstolo o foi no passado. Precisamos estudar bem a população ao redor da igreja, e, na sabedoria do Espírito Santo, escolher os métodos, estabelecer as estratégias, lembrando sempre que a oração precede a ação.

 

Cadastro de Visitantes, Novo-Convertidos e Interessados

“...Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa.” - “ - Lucas 14:23

 

A geração do Cadastro

A igreja deve mandar imprimir milhares de fichas para novos decididos e interessados ( vide modelo ao término deste capítulo ). A partir daí, em todas as reuniões no templo, nas casas, ao ar-livre, etc., equipes de irmãos bem treinados e orientados colherão os nomes de novos decididos, interessados e visitantes. Os membros da igreja também poderão utilizar estas fichas para indicar pessoas do seu relacionamento para serem evangelizadas e lembradas pelos Ministérios de Comunicação e Visitação da Igreja.

 

O Ministério de Comunicação da Igreja cuidará de registrar os dados das fichas no computador, em um programa próprio que permita vários tipos de listagens, como por exemplo: por idade, por sexo, por situação (decidido, interessado ou indicado), por área de localização, por religião, por data do primeiro contato, etc.

 

Intercessão Junto a Deus

Semanalmente o Ministério de Comunicação fornecerá listagens novas e/ou atualizadas para o ministério de Intercessão, para fins de oração nas reuniões de intercessão do ministério e da igreja. Na medida do possível, deve-se distribuir os nomes pelos irmãos intercessores, a fim de que se ore um por um, nome por nome. Não se deve deixar de orar por nenhum, e especialmente pelos seus pedidos de orações indicados nas fichas.

 

Envio de Cartas e Literaturas Pelo Correio

O Ministério de Comunicação trabalhará permanentemente com o cadastro enviando cartas e literaturas como seguem:-

- aos que visitaram a igreja e/ou alguma outra reunião ao ar-livre ou nas casas, na semana seguinte à data da ficha, enviará uma carta agradecendo pela visita e informando que estarão orando por ele; poderá enviar junto algum tipo de literatura levando em conta a procedência religiosa;

- mensalmente, ou pelo menos de dois em dois meses, enviará uma outra correspondência informando que “você não foi esquecido por nós, temos nos lembrado de você e orado a Deus por sua vida em nossas reuniões - aproveitando o ensejo, queremos convidá-lo a retornar a uma das nossas reuniões para que possamos orar juntos e louvar a Deus pelas bênçãos sobre a sua vida...” - será enviado outro tipo de literatura, diferente da anterior.

Estas providências, de envio de cartas e literaturas devem ser anotadas e digitadas no computador, para que as próximas listagens saiam atualizadas e se saiba qual o trabalho que está sendo feito com aquela pessoa. Inclusive deverão ser registradas as visitas feitas .

 

A igreja deverá promover eventos especiais ao longo do ano com objetivos evangelísticos e, em todos eles, o Ministério de Comunicação da igreja se utilizará do cadastro para enviar convites especiais pelo correio.

Ótimas oportunidades que devem ser aproveitadas para contatos e convites ao pessoal do cadastro, são: - aniversário da igreja; natal e fim-de-ano; e aniversário da própria pessoa.

 

Visitação

Dois meses após terem sido enviadas duas ou três correspondências, pelo menos, uma listagem será fornecida pelo Ministério de Comunicação ao Ministério de Visitação, para fins de visita. Os irmãos do Ministério deVisitação, nos dias próprios, reservados para o seu trabalho, depois de orarem pedindo a bênção de Deus, sairão para as visitas. Quando se fizerem anunciar, serão bem-vindos, primeiro porque o Espírito Santo já terá preparado os seus corações, e também porque os evangelizandos já passaram a nutrir uma certa simpatia pela igreja, que não os esquece e se preocupa com os seus problemas.

Os visitadores não devem ir dispersivos pelo caminho, em todo o tempo precisam estar atentos, vigiando e orando, porque estarão em confronto direto contra as potestades malignas que atuam nas regiões celestes. Precisam estar suficientemente treinados sobre como deve ser a visita, tempo ideal de duração, tipos de leitura que deverá fazer, etc. É imprescindível que orem pela pessoa objeto da visita e pela casa em geral, e que façam apelo para uma decisão por Cristo. Na despedida oferecerão um novo folheto e convidarão a todos para a próxima reunião.

 

Os detalhes principais da visita deverão ser anotados tais como: data, nome dos visitadores, receptividade, material oferecido, pedido de oração, etc. Estes dados voltarão para o pessoal da comunicação para serem lançados no computador, para fins de orientação da próxima visita que deverá ocorrer mais ou menos um ou dois meses após a primeira.

 

Esta engrenagem funcionando bem, ao longo de um ano, cada pessoa do cadastro terá recebido de três a cinco correspondências, pelo menos, e recebido duas ou três visitas.

Os visitadores deverão recomendar aos visitados as reuniões do Grupo Familiar mais próximo, bem como passarão para os líderes de grupos familiares da área, os nomes e endereços das pessoas visitadas que demonstraram grande interesse em conhecer mais do evangelho, para a devida integração.

Muitas dessas pessoas trabalhadas via correio, através de visitas e pelos Grupos Familiares, antes de um ano já estarão devidamente integradas à vida da igreja.

OBS. Leia a parte 2